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Quando o prêmio de cada desafio se transforma em insatisfação: o que você está buscando?

Jéssica Horácio de Souza

Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394

Psicoterapeuta Corporal e Tanatóloga

Querer aquilo que é difícil de possuir faz parte da nossa história de desenvolvimento, e Freud foi o primeiro a nos mostrar isto através do conceito do complexo de édipo. Tudo bem que na infância inconscientemente nutrimos desejos pelo genitor do sexo oposto ao nosso, mas, por que ainda na vida adulta muitas pessoas agem como se tivessem 5 anos? Bem, estas pessoas que vivem em busca de algo e que colocam toda a sua energia naquilo que é difícil e às vezes, impossível de conquistar, são pessoas que provavelmente possuem uma fixação nesta fase de desenvolvimento.

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O interessante é que esta dinâmica da impossibilidade não está relacionada apenas aos relacionamentos conjugais no sentido de querer aquele ou aquela que não lhe quer, ela também aparece na vida profissional diante do desejo  de conquistar uma oportunidade dificílima de trabalho, nas finanças que constantemente precisam estar “melhores”, nos estudos que precisam sempre estar atualizados e até à frente dos demais da área… Bem, você consegue perceber o que é que predomina nesta dinâmica existencial? Neste tipo de relacionamento, o foco está naquilo que não se tem, ou que não se pode ter. E algumas vezes, a pessoa, inconscientemente constrói impossibilidades, cria barreiras numa tentativa de dificultar atingir aquilo que tanto deseja.

Talvez você esteja se perguntando porquê alguém faria isso consigo. Mas posso te adiantar que algumas pessoas sentem prazer na satisfação de um desejo, e outras, sentem prazer somente em desejar.

Isso ocorre porque a impossibilidade ou a dificuldade de obter algo ativa nessas pessoas um intenso desejo de conquista. Foi através do desejo de atingir algo difícil que elas aprenderam a se validar, ou seja, quanto maior o desafio, maior a sensação de poder. É que na infância, estas pessoas foram hiperestimuladas a produzir o que quer que fosse para conquistar a atenção dos pais e receberam em troca mais e mais desafios como uma promessa velada de que em algum momento elas receberiam a aprovação da qual tanto necessitavam, logo, quando adultas elas tendem a se motivar diante deste cenário dificultoso. Na verdade este é um roteiro muito familiar para elas, são pessoas que geralmente estão correndo atrás de algo e que gastam muita energia para isso. Qual o prêmio? Muitas vezes elas nem sabem mais, e ele nem as interessa, tanto que após conquistarem algo difícil elas constroem novos desafios. A insatisfação predomina.

O prazer neste formato de relação não está em se envolver com o outro mas sim em provar para si que consegue conquistar o outro. É um processo altamente narcísico em que o outro funciona apenas como aqueles peixes de pesque e pague: o objetivo não é levar o peixe para casa, mas sim se divertir fisgando ele e percebendo o poder que se tem sobre ele.

A sensação de insuficiência acompanha estas pessoas e a ansiedade também, afinal, elas aprenderam a viver esperando por reconhecimento para enfim descansarem, mas o fato é que este prêmio não chegará nunca. Ele só poderia aparecer na infância, na vida adulta ele já não cabe mais.

Trago esta reflexão porque estamos na reta final de um ano extremamente atípico e dolorido emocionalmente para toda a população, um ano em que a perda de controle predominou, e que pudemos nos dar conta daquelas limitações que fingíamos não ter, logo, um ano em  que as conquistas pessoais, profissionais e materiais ficaram bloqueadas para grande parte das pessoas. Logo, aqueles que vivem em busca das conquistas para se validarem podem estar lidando com frustração e com uma importante sensação de menos valia. É então neste momento que o auxílio psicológico se faz necessário para estas pessoas para que possam entender a origem deste sofrimento emocional e aprenderem a lidar com ele ao invés de permanecerem se exigindo e ou construindo mais e mais desafios.

Então, se você conhece alguém que está se cobrando ou construindo diversos desafios para o próximo ano numa tentativa de compensar este ano atípico, quem sabe você possa perguntar para esta pessoa do que verdadeiramente ela está indo em busca. E possa ainda sugerir que ela inicie um único desafio em 2021: o desafio de se conhecer e de aprender a se amar independente das conquistas, dificuldades e desafios pelos quais passar.


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