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Luto estético

Jéssica Horácio de Souza

Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394

Psicoterapeuta corporal e tanatóloga

Ai ai, as despedidas. Dói né? Dizer tchau ou adeus para aquilo, aqueles e aquelas que já tiveram lugar cativo na platéia da nossa vida pode ser muito difícil, e por difícil quero dizer dolorido. É no centro da dor que mora o luto, na verdade, este é o endereço dele. E bem, se luto diz respeito ao processo emocional de lidar com perdas físicas ou simbólicas, então convenhamos, todos nós em algum momento da nossa vida já vivemos este processo, já estivemos neste endereço.

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Mas sabe, existe um luto que é vivido por grande parte das pessoas, principalmente pelas mulheres, mas que não é muito comentado e problematizado, sabe-se que dói, onde a dor mora, mas às vezes a tratamos como algo que não tem residência fixa. Eu estou falando sobre a dor que mora na nossa relação com o nosso próprio corpo, estou falando sobre o luto do peso, da estética, do envelhecimento.

Quando eu atendo um paciente o vejo não como uma figura retirada de um fundo, mas sim como uma figura que afeta e é afetada pelo fundo no qual se encontra. E digo isto porque o contexto cultural no qual estamos inseridas implica significativamente na forma como aprendemos a nos relacionar com o nosso corpo. E veja bem, considerando que todas nós somos parte de uma sociedade que constrói estereótipos para lucrar, então, certamente nós aprendemos que existe um padrão corporal a ser seguido.

O envelhecimento tem se tornado uma espécie de fase a ser evitada embora grande parte da população mundial queira viver por longos anos. Mas temos aprendido que podemos escolher quais elementos da velhice vamos adotar e quais serão evitados através de procedimentos estéticos. Aí é que está o questionamento: será que temos nos despedido das fases da nossa vida, será que temos dado tchau para quem já fomos, ou será que ainda estamos em negação com relação à morte do nosso eu jovem?

Este texto não é uma crítica aos procedimentos estéticos até mesmo porque eles dependendo do contexto, contribuem significativamente para recuperação da autoestima, mas esta conversa surge numa tentativa de problematizar o modo como temos lidado com a perda da nossa jovialidade, e com o aparecimento de características estéticas decorrentes do processo de envelhecer.

Então, reflita um pouquinho: qual foi a última vez que você se viu no espelho e se sentiu confortável com a imagem refletida? Quando foi que você se permitiu enxergar a importância e a beleza das transformações no seu corpo? E mais, você tem sido tolerante com o seu direito de ser você, ou tem buscado se tornar parte de um padrão?

A tristeza que surge com a perda da jovialidade estética merece ser sentida e acolhida, tentar evitá-la poderá construir obsessões estéticas prejudiciais tanto à saúde física quanto psíquica. Desejo que nós consigamos aprender a sentir carinho pelas nossas marcas, e pra isto, que tal pararmos de apontar as marcas alheias? Fica o convite.


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