Vi em dezembro um comentário versando sobre a necessidade de se guardar dinheiro. O motivo era simples: janeiro dura 500 dias! O exagero tem lá seus créditos e, com todo o calor que tem ocorrido, parece que janeiro não termina mais.

Para quem está de férias e pode aproveitar isso é bom. Porém, o dinheiro pode faltar antes das férias se findarem. Cautela sempre deve estar ao nosso alcance. Para quem trabalha direto, como se diz, janeiro é só mais um mês longo, talvez mais longo que outros.

Recordo o tempo de uns 20 anos atrás e como tudo era “mais difícil e mais simples”. Ir para a praia era um evento histórico ainda naqueles tempos. Eu trabalhava na Seara alimentos e chegava em casa por volta das 13:30. Alguns amigos já me esperavam para irmos tomar aquele refrescante banho no rio São Bento, em Nova Veneza. O temporal sempre se armava por volta das quatro, cinco da tarde e nós fugíamos dele.

Tempos depois me tornei professor e, como era contratado, ficava desempregado todo verão, o que me obrigava trabalhar de servente de pedreiro todo janeiro e fevereiro e março e… Bem, as coisas mudam, algumas coisas. Outras coisas cada um de nós tem que fazer mudar. Com muito esforço trabalhei, estudei, perdi inúmeras noites de sono para poder ter minhas férias de verão. No entanto, não posso deixar de pensar em cada pessoa que precisa estar trabalhando debaixo de todo esse calor.

Ontem, por outro lado, um amigo me disse algo que concordo: antes também havia ondas fortes de calor e nós não tínhamos ar condicionado (eu ainda não tenho, só no carro). Será que nossa percepção de clima e tempo mudou também por causa da evolução tecnológica? E cabe perguntar também se janeiro não “esticou” sua duração porque as redes sociais nos mostram tantas e tantas fotos de gente curtindo a vida a todo instante que parece que o tempo já não tem mais controle sobre si próprio?

São questões a pensar. No fim, talvez sejam apenas divagações um tanto nostálgicas, talvez uma maturidade que se anuncia quando se olha para o passado e percebemos que usamos expressões como “vinte anos atrás” tão tranquilamente…