A ideia de que a união faz a força sempre toma contornos complexos. Essa ideia pode ser utilizada por qualquer grupo, independente de sua matiz ideológica. A ideia de dividir, de tencionar um grupo oposto, “inimigo”, de fazê-lo ruir em partes de dentro para fora também pode ser usada por qualquer grupo. Quando tal estratagema é centrado em um país, os danos podem ser históricos.

A política, enquanto dimensão organizadora e mantenedora do poder, deveria conduzir ao bom direcionamento e administração da sociedade. O poder tende a não reconhecer limites, extrapolá-los ou mudá-los de lugar. O poder também reconfigura limites. Embora haja toda uma trajetória histórica sobre o poder e a política e a forma como ambos foram pensados e executados ao longo de nossa evolução, não cabe hoje pensar na condução do poder político como ferramenta para eliminação sistemática do outro. O poder também deve ser “domado”, ou corre-se o perigo do próprio poder “domar” o ser humano.

Um governo, na atualidade, principalmente quando se propõe nacionalista, dentro de um espectro não totalitário, precisa rumar no sentido e caráter mínimo de união do seu povo. Do contrário seu “caráter nacionalista” tenderá aos “caprichos totalitários” de própria execução do poder. Mesmo que esse tenha sido alcançado por meios democráticos.

Se, contudo, o direcionamento do poder político pelas autoridades que o constituem extravasa uma visão dúbia e única em relação à própria democracia e política, o elo se rompe. Quando essas mesmas autoridades, que deveriam administrar as instâncias sociais num país com base na transmissão da confiança agem de maneira oposta, o elo se rompe. Quem estiver realmente preocupado poderá então se questionar; a quem realmente interessa um país dividido?