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O comodismo e o consumismo: vilões contra o meio ambiente

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Wagner Fonseca – poeta, professor e blogueiro

Toda conversa que tenho sobre meio ambiente, seja com meus alunos, seja com qualquer outra pessoa me leva a refletir sobre meus inúmeros erros ambientais. Afinal, culpar uma mineradora é fácil, culpar o governo é fácil, mas rever meus modos no dia a dia, aí já é outra história. Fato é que o comodismo tecnológico na atualidade tem provocado vultosas mudanças nas relações sociais e isso afeta também nosso posicionamento com o mundo a nossa volta, aquilo que chamamos de meio ambiente.

Primeiramente, é preciso entender que a natureza, a “Mãe Natureza”, ou o meio ambiente, não é ou não são coisas longe de nós: começam dentro de nós mesmos, na nossa mente, na nossa percepção de mundo e na forma como nos relacionamos nesse mundo e com as pessoas que estão conosco nessa jornada. A partir daí já podemos pensar sobre o comodismo tecnológico atuando em cada atitude nossa. E o consumismo vem junto “auxiliar” na forma como empreendemos nossas relações diárias. E o que isso tem a ver com o meio ambiente propriamente dito? Bem, essas ideias, em parte, tem a ver com uma publicação recente no Facebook.

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Na semana passada tive acesso a um texto bem produzido que versa sobre uma idosa e suas sacolas em um supermercado. A caixa critica a idosa por não ter uma responsabilidade ambiental mais apurada por usar sacolas plásticas (disponibilizadas pelo supermercado, diga-se de passagem, que as compra de uma empresa especializada em sua produção, diga-se de passagem, que contrata muitas pessoas para produzi-las, diga-se de passagem, e acho que nesse ponto já sabemos o que tudo isso significa, não é mesmo?).

A situação é descrita de forma em que a jovem caixa, aparentemente, usa sua arrogância para criticar uma vovó que não sabe que deve evitar o uso de sacolas plásticas (que são disponibilizadas pelo supermercado, para nosso comodismo e praticidade…). E aí tem início a “lição de moral” realizada pela idosa. Nos comentários da publicação obviamente muitos concordam com o texto exposto e não encontrei ninguém que discordasse da velha senhora com suas sacolas plásticas. E o que ela nos diz para contrariar a jovem caixa? Vamos lá!

Na época de sua juventude, a tal senhora das sacolas, teve uma infância como muitos de nós tivemos em cidades pequenas há trinta anos ou mais. Leite era entregue pelo leiteiro em garrafas de vidro, geralmente de refrigerantes, que eram devolvidas no supermercado na hora que se comprava outro refrigerante. Ainda não existiam as garrafas “pets” ou latinhas de alumínio (eu fui conhecer uma latinha de cerveja em 1988, mais ou menos), então “produzíamos menos lixo”. Quando íamos ao mercadinho, à “venda” (como dizíamos), ou à bodega (sim, pois os bares às vezes também vendiam “secos e molhados”), levávamos uma bolsa de pano para trazer as compras, nada de sacola plástica. Fraldas de bebê: de pano e sempre lavadas e reaproveitadas. Ir para a escola? Íamos a pé ou de monareta (quem nunca teve uma monareta?). Hoje os pais se tornaram “chofer” para seus filhos mimados (o nosso “mimo” virou segurança também, felizmente ou não).

Enfim, fui seguir a publicação original e vi inúmeros comentários positivando o texto, a maioria deles feitos por pessoas da minha idade pra cima e todos se mostravam extremamente confiantes de que éramos mais preocupados com o meio ambiente. É, essa ingenuidade beira a arrogância da jovem caixa que criticou a vovó das sacolas. “Nem a pau” que nos preocupávamos com o meio ambiente! Claro, também não quero aqui radicalizar, mas a verdade é que a noção de preservação, pensamento ecológico e afins foi nos sendo introduzido aos poucos e ao mesmo tempo que ciência e tecnologia começaram seus passos mais volumosos rumo ao nosso cotidiano consumista e comodista do século XXI. Uma tendência mundial que nos abraçou, demorou a chegar aqui nesses recantos distantes, mas chegou.

A evolução tecnológica versa diretamente com uma lógica capitalista baseada no lucro e a rapidez de produtos descartáveis dá muito mais lucro do que ficar lavando garrafas de vidro para reaproveitá-las. O reaproveitamento de embalagens não gera lucro, pois se assim o fosse, será que teríamos tanto desperdício assim? Não cabe, contudo, todas as ideias que podemos discutir sobre esses temas num texto como esse (que se alongou por demais já). Fica a dica para repensarmos nossos atos e pensamentos, tão permeados por essa tecnologia comodista que nos afasta de quem está perto e “aproxima” de quem está longe.

A evolução científica e tecnológica transformou nosso mundo radicalmente, da economia e produção às relações sociais, interpessoais e familiares. Os mais pessimistas dirão que estamos num beco sem saída. Outros visualizarão a cena da vovó com as sacolas e a “lição de moral” sobre a jovem caixa inexperiente em vida (por isso ainda arrogante, mesmo sem querer) como uma situação que desvela inúmeras possibilidades para pensarmos o nosso mundo e a forma agimos nele.

Isso, de certa forma, me recorda aquele vídeo motivacional antigo chamado “filtro solar”: sempre iremos romantizar o nosso passado, nesse caso dizendo que éramos mais preocupados com o meio ambiente. Talvez até fossemos, mas depois que a tecnologia nos fisgou, não largamos mais o controle remoto. Hoje, todavia, nós somos os controlados, por nossos smartphones. Ou revemos nosso jeitos de lidar com nosso próximo, ou vamos todos naufragar. Nosso próximo, no caso, nossa Mãe e nossa Casa, um planeta meio azul, chamado Terra.


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