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A ansiedade de quem não pode errar

Jéssica Horácio de Souza

Psicóloga Jéssica Horácio – CRP 12/14394

Psicoterapeuta Corporal e Tanatóloga

Uma vez ouvi uma paciente me dizer que a mãe e o pai dela não faziam ideia das várias vezes em que ela criticou uma amiguinha que brincava na rua com os vizinhos para mostrar pra estes pais que ela era “melhor”, mais comportada, recatada, “de família”. Ela travava uma batalha interna pra negar os seus próprios desejos na tentativa de não ser criticada pelo pai e pela mãe, ela era só uma criança e sentia muito medo de não ser aceita pela família uma vez que essa família geralmente criticava famílias que tinham funcionamentos diferentes das deles. Bem, no fim essa paciente percebeu que continuava tentando mostrar para si e para o mundo que ela ainda era essa menina comportada, e que cada vez que fazia isso, negava uma parte sua que só queria brincar, namorar, cair, levantar, gritar, chorar, gargalhar. Trabalhamos para ela resgatar a sua identidade e fazer as pazes com aquela parte sua que não tinha espaço na sua vida, e assim, aos poucos ela conseguiu entender que as críticas não implicam necessariamente em rejeição, mas que se fosse, estava mais fortalecida pra lidar com essa possibilidade. Assim ela se assumiu.

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Bom, a minha conversa é com você que assim como essa paciente, cresceu acreditando que não poderia fazer absolutamente nada além das regras familiares. Mas saiba que nesta nossa conversa não há culpados porque não existem erros, há ação e reação, e que você reagiu conforme conseguiu às ações que a sua família adotou ou adota em prol da manutenção deste sistema. Então pra começar, que tal se perguntar se você ainda está seguindo regras implícitas no seu sistema familiar? E se sim, qual a utilidade que elas ainda tem para você?

Os transtornos ansiosos tem aparecido com muita intensidade durante a pandemia pela qual estamos passando, no Brasil, segundo A Organização Mundial de Saúde, 18,6 milhões de brasileiros sofrem de algum tipo de transtorno de ansiedade e segundo dados da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com o início da pandemia do corona vírus, este número aumentou cerca de 80%. Ficar em casa sem a o contato com as atividades da rotina tem feito com que nós inevitavelmente fiquemos mais em contato conosco e com a nossa família. E bem, relações sem alternativas de fugas geram novos conflitos e o reconhecimento daqueles que sempre estiveram ali mas que não eram ou foram atendidos. E pra quem cresceu se exigindo seguir algum estereótipo de perfeição familiar, a ansiedade pode estar marcando presença com bastante frequência. A lógica é que quanto mais me exijo, mais canso mentalmente, e num momento em que é necessário ter forças para lidar com todo o cenário envolvendo a pandemia, se esgotar emocionalmente buscando essa tal de perfeição não é nada saudável.

“E se eu não conseguir?” – frase típica daqueles que se cobram o tempo todo e que em decorrência desta autocobrança não aprenderam a ser tolerantes com os próprios erros, nem a identificar o que realmente é um erro e o que simplesmente é a quebra de um padrão familiar. Queremos tanto o amor incondicional mas contraditoriamente buscamos construir condições para que nos amem, não seria muito ruim se estas condições implicassem no nosso bem estar mas muitas vezes elas correspondem à autonegação e ao desrespeito consigo.

Será que é o caso então de aprendermos primeiramente a aceitar o medo que temos de sermos rejeitados, criticados, abandonados…? Sim, é. Enquanto negamos o nosso medo reforçamos algumas inverdades como por exemplo: “Eu só quero ver a pessoa feliz”, “Eu faço isso pra ela ficar bem”, “É por ele que eu faço isso”… Estas frases quando ditas por pessoas que se cobram em excesso precisam ser reavaliadas porque no fundo o que pode existir é um medo gigantesco da reprovação pelo o outro e por isso a busca no comportamento benevolente como uma forma de amenizar este medo.

Reconhecer os nossos medos é fundamental para o processo de construção de identidade e de fortalecimento de autoestima. Quando nos deparamos com o que nos afeta temos a consciência de que podemos parar de mascarar o que sentimos e assumir realmente aquilo que sentimos. E assim, pouco a pouco pedir com autenticidade o que queremos sem precisar nos colocar em papéis que definitivamente não combinam com quem somos.

Se você se identifica com este conteúdo, te sugiro procurar a psicoterapia como uma ponte para acessar o seu verdadeiro eu e assim romper com os papéis que acionam a ansiedade patológica.


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